O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, será ouvido na próxima terça-feira (09), às 10h, em audiência pública, no Plenário 12, Anexo II da Câmara Federal, para prestar esclarecimentos sobre as ações e anúncios polêmicos, feitos nesses primeiros meses de sua gestão, e que tendem ao enfraquecimento do, por enquanto, maior banco público da América Latina.
Pedro Guimarães será ouvido sobre assuntos como a privatização das loterias da Caixa Econômica, a retirada da Caixa do Conselho Curador do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e a saída de 3,5 mil empregados Caixa por meio do Plano de Desligamento Voluntário (PDV).
Além disso, Guimarães fez pelo menos duas nomeações polêmicas em cargos estratégicos do banco público: empregou seu personal trainer para o cargo de consultor da Presidência da Caixa, com salário aproximado de R$ 30 mil, e contratou para a vice-presidência da Caixa de Recursos de Terceiros uma profissional sem as certificações necessárias para atuar no âmbito da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), apesar do estatuto da Caixa exigir que todos os dirigentes da área sejam certificados.
O requerimento de audiência pública foi proposto pela deputada federal, Érica Kokay (PT-DF). “O presidente da Caixa vem à Câmara na terça explicar uma série de medidas que estão sendo adotadas com o objetivo de enfraquecer o papel que a Caixa tem no desenvolvimento econômico e social do Brasil”, destacou Kokay.
“Estão desmontando o Minha Casa Minha Vida, querendo privatizar as loterias Caixa, diminuindo direitos de seus funcionários e funcionárias. O presidente mantém um discurso púbico de preservação da Caixa, mas por dentro temos visto uma série de ações que estão minando a instituição”, completou a deputada.
O atual presidente do banco também deverá explicar aos deputados seu cronograma da abertura capital (privatização) das áreas mais rentáveis e estratégicas dos bancos: seguros, cartões, gestão de terceiros e loterias. Outra medida que causou polêmica foi a transferência dos recursos tomados ao Tesouro Nacional por meio do Instrumento Híbrido de Capital e Dívida (IHCD). A Caixa devolveu 3 bilhões de recursos, tomados entre 2007 e 2013, que não tinham prazo de vencimento. Nesses casos, cabe ao tomador do empréstimo definir o momento para a devolução.
As seis operações de IHCD contribuíram para a Caixa ampliar sua carteira de crédito durante a crise financeira, atuando para o desenvolvimento socioeconômico nacional e expandindo seu papel de principal agente das políticas públicas dirigidas à população de baixa renda.
Além disso, Guimarães dará explicações sobre a proposta de manobra contábil com a provisão extraordinária de até R$ 7 bilhões para cobrir perdas esperadas com calotes na carteira de financiamento imobiliário e a desvalorização de imóveis retomados pelo banco.