Para quem acha que 8 de março, Dia Internacional da Mulher, é apenas uma data festiva e de celebração, eis um importante lembrete: tem muita luta e história sobre a data.

A data foi oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975, no entanto, há movimentos e atividades que datam do início do século 20.

Um dos atos mais lembrados da causa feminina consiste na grande passeata das mulheres, realizada em fevereiro de 1909, na cidade de Nova Iorque. Na época, as mulheres organizaram a passeata – cerca de 15 mil trabalhadoras – pedindo melhores condições de trabalho, como redução da jornada de trabalho, que era de 16 horas por dia, incluindo os domingos.

Outro ato também de grande importância trata-se do incêndio em uma fábrica de tecidos, também em Nova Iorque, quando 124 mulheres morreram, o que fez vir à tona as más condições de trabalho enfrentadas pelas mulheres na Revolução Industrial.

Desde então, não foram poucos os atos e manifestações realizados com o objetivo de garantir às mulheres maior espaço dentro da sociedade, no campo social, político e econômico.

Hoje, 8 de março, é tida como a data mais importante da resistência feminina e, todos os anos, atos e protestos ao redor do mundo são realizados com foco no debate e reflexão sobre a igualdade de direitos, afinal, se já houve avanços significativos, ainda há muito o que se caminhar neste sentido.

A violência contra a mulher ainda é tema de debates constantes. Segundo o último relatório da Organização Mundial da Saúde, de 2018, o Brasil ocupa a 7ª posição entre as nações mais violentas para as mulheres de um total de 83 países. Aqui, uma mulher é assassinada a cada 2 horas pelo fato de ser mulher; 10 estupros coletivos acontecem diariamente, inclusive de meninas de até 13 anos de idade.

Os dados do feminicídio revelam uma realidade ainda preocupante. Segundo estudo feito pelo Ministério Público, o “Raio-X do Feminicídio” mostra que 45% dos crimes aconteceram por separação ou pedido de separação, 30% por ciúmes ou posse e 17% em meio a uma discussão. O estudo indica ainda que em 66% dos casos, as vítimas foram atacadas dentro de casa, 6% em via pública, 5% no trabalho e 5% em estabelecimentos públicos.

Outro ponto importante do debate consiste na diferença salarial entre homens e mulheres que, mesmo ocupando as mesmas funções no mercado de trabalho, ainda persiste. Segundo estudo divulgado nesta sexta-feira, dia 8, pelo IBGE, em 2018 houve redução de 1,2 ponto percentual na diferença salarial entre homens e mulheres. No entanto, mesmo com a redução, as mulheres ainda ganham, em média, 20,5% menos que os homens.

Diante da complexidade do espaço da mulher na sociedade que, ora cobra excelência nas várias tarefas desenvolvidas no dia a dia ora impõe posturas tradicionais e pouco aplicáveis na atualidade, a data de 8 de março deve ser vista como um momento importante para os debates e reflexões acerca do tema como forma de construção de uma nova visão, mais ampla e participativa, de milhares de brasileiras.

“Apesar da resistência e das muitas lutas resultantes em direitos, a situação das mulheres piora com retrocessos em políticas públicas que se refletem no aumento dos casos de violência. Os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras também estão sendo atacados e a proposta de reforma de Previdência de Jair Bolsonaro irá aprofundar essa crise, com consequências graves para a mão de obra feminina”, lembrou a secretária de Mulheres Trabalhadoras da APCEF/SP, Inez Galardinovic. “O princípio da ‘sororidade’, que é a empatia e solidariedade fortalecendo a rede de mulheres, é indispensável na construção de uma sociedade mais justa principalmente para as mulheres”, salientou.

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