Em 1857 centenas de operárias morreram queimadas por policiais em uma fábrica têxtil de Nova York (EUA). Elas reivindicavam a redução da jornada de trabalho e o direito à licença-maternidade. Em homenagem às vítimas, no ano de 1911 foi instituída a comemoração de 8 de março, o Dia Internacional da Mulher
Em 1921 a Caixa se tornou o primeiro banco a contratar mulheres. Mas a grande inovação nas políticas de gênero aconteceu muitos anos depois, quando foi implementado o programa Caixa da Diversidade, em 2005, com o objetivo de orientar políticas e ações destinadas à promoção da igualdade de oportunidades.
Houve avanços importantes no período. Depois de 145 anos de existência, a Caixa teve sua primeira presidenta, Maria Fernanda, que assumiu em 2006, fato inédito no conservador sistema financeiro. Em 2015, o banco foi presidido por Miriam Belchior, e se manteve na vanguarda ao assinar acordo para a ampliação da licença-maternidade e para a garantia de benefícios a casais homoafetivos.
Nos programas sociais gerenciados pela Caixa as mulheres também são protagonistas. Um bom exemplo é o Minha Casa Minha Vida, cujos imóveis têm 89% da titularidade feminina.
As políticas voltadas para as mulheres foram fruto dos governos desenvolvimentistas, momento marcante no Brasil, quando depois de mais de 500 anos de história o País teve sua primeira mulher na presidência, Dilma Rousseff.
Mas há muito ainda a avançar. De acordo com dados do Balanço de Sustentabilidade da Caixa de 2016, 45% dos empregados do banco são mulheres e, se somado a estagiárias e prestadoras, esse número chega a 50%.
A desigualdade se revela quando avaliamos a ascensão na carreira: quanto mais alto o cargo, menos mulheres. Hoje, 45% das trabalhadoras da Caixa está na média gerência e 28% na chefia de unidades. Nenhuma figura entre os dirigentes da empresa.
A única novidade nesse cenário foi a eleição, pela primeira vez, de uma mulher para o Conselho de Administração. Sem dúvida é uma conquista para os trabalhadores e em especial para as mulheres, embora represente muito pouco perto das gritantes diferenças.
As dificuldades para as mulheres ascenderem na carreira são inúmeras. Começa com a participação ativa na administração da casa e nos cuidados com a família, junto com uma grande cobrança social. Também precisam superar processos de seleção cercados de subjetividades vinculadas à visão estereotipada sobre sua capacidade.
A História prova que a luta em busca da igualdade e respeito às diferenças vem dando resultados, ainda que lentamente. Mas é preciso fortalecer a utopia de que a busca por um mundo justo, fraterno e digno para mulheres e homens é, na verdade, o único caminho para que as pessoas sejam felizes.
Sigamos juntas nessa direção.
Rita Serrano é representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa, diretora da Fenae e coordenadora do Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas. É mestra em Administração.