As ameaças de privatização da Caixa atingiram seu ápice nesta segunda-feira com a publicação do Relatório Reservado, publicação digital especializada em economia que circula exclusivamente no mercado financeiro. Segundo o veículo, o governo irá anunciar a venda do banco até o final deste ano.
Mesmo sem uma confirmação oficial da informação, o desejo de privatizar a Caixa não é novidade. Desde que Temer assumiu o governo o plano de privatizações iniciado no país na década de 1990 foi retomado com força total.
A Lotex, as famosas raspadinhas, foi a primeira vítima da estratégia de vender o banco em fatias. E a direção da Caixa afirmou que logo as áreas de seguros e cartões teriam o mesmo destino.
Esses planos estão concentrados no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), que já inclui a Eletrobras e a Casa da Moeda, além de dezenas de outras empresas estatais. Quando a venda da Eletrobras foi anunciada, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, declarou que a prioridade no momento era a venda da maior distribuidora de energia elétrica do país, mas que as privatizações em geral são “bem vistas” pelo governo. E isto inclui a Caixa, mostrando que a gestão Temer, apesar de não confirmar a venda imediata do banco, também não a descarta.
O PPI ainda mira o Banco do Brasil, os Correios e a Petrobras. Para facilitar o processo foi criado um conselho chamado CPPI (Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos da Presidência da República). O Conselho analisará todos os projetos de infraestrutura, de todas as áreas públicas e esferas da administração direta e indireta, do Programa Nacional de Desestatização. E decidirá quem entra ou não, assim como as regras do jogo, as condições para a concessão.
Entre seus membros estarão: Wellington Moreira Franco, Eliseu Padilha, Henrique Meirelles, Maurício Quintella, Fernando Coelho Filho, José Sarney Filho e o presidente da Caixa, Gilberto Occhi.
Quando somamos estas informações com o projeto de lei que altera a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) para permitir que o Tesouro Nacional seja utilizado no socorro aos bancos, vemos que o cenário para a venda da Caixa (e de outras estatais) está sendo construído rapidamente. E é por isso que a notícia publicada pelo Relatório Reservado não parece mera especulação.
Rita Serrano fala sobre o risco de privatização da Caixa e o papel dos empregados na luta
Vídeo: Rita Serrano
Texto: redação APCEF/SP